Polícia brasileira confirma investigação do suspeito da morte de Cecília Haddad

Fontes da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro confirmaram à rádio SBS em Português que uma equipe composta por delegados e investigadores da sua Divisão de Homicídios já havia sido destacada dias atrás para apurar esse caso.

Mário Marcelo Santoro

Foto de Mário Marcelo Santoro em seu perfil do Whatsapp Source: perfil/Whatsapp

A Polícia Federal e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro estão investigando a morte da empresária brasileira Cecília Haddad. 

O corpo da carioca, de 38 anos, foi encontrado completamente vestido e sem ferimentos, boiando, no rio Lane Cove, em Sydney, por caiaquistas, na manhã do dia 29 de abril. 

Os investigadores da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro estão em contato com a Polícia Federal – representante brasileira da INTERPOL (Organização Internacional de Polícia Criminal) – para obter informações com a polícia australiana sobre o crime. Cabe apenas à Polícia Federal esse contato com as autoridades policiais estrangeiras. 

As polícias Civil e Federal investigam se Mário Marcelo Santoro, de 40 anos, ex-namorado e ex-sócio de Cecília, tem participação no crime. 

Engenheiro Civil e de Produção formado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) desde 2001, Mário Marcelo Santoro manteve com Cecília Haddad um relacionamento mais do que amoroso: foram parceiros de negócios em uma empresa de serviços de apoio a deficientes.

Os registros na Australian Security and Investment Commission (Comissão Australiana de Segurança e Investimentos) e no Australian Business Register/ABN, uma espécie de CNPJ australiano, mostram que Cecília Haddad e Mário Marcelo Santoro eram sócios da "D.Care", empresa registrada em novembro de 2017 no endereço residencial de Cecília, no bairro de Ryde, em Sydney. 
ABN Cecilia Haddad e Marcelo Santoro
Registros na Australian Security and Investment Commission mostram sociedade entre Cecilia e Marcelo. Source: ABN/CHaddad e MSantoro
Nesta quarta-feira, 27 de junho, a mídia australiana divulgou que um mandado de prisão foi expedido contra Santoro.

Dessa forma, ele é considerado um foragido da Justiça na Austrália.
A polícia de Nova Gales do Sul, responsável pelas investigações, no entanto, não confirmou a noticia do mandado de prisão e trata o caso sob sigilo: “a polícia de Nova Gales do Sul não está em posição, a esta altura, de comentar sobre a investigação”, informou por e-mail. 

Em nota enviada por e-mail à SBS em Português, a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça do Brasil disse que “em relação a casos concretos que estejam em andamento, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional/DRCI não pode se manifestar, inclusive sobre o recebimento ou não de pedido de extradição, porque poderá colocar em risco a investigação em curso, sem que as autoridades competentes por tais procedimentos tenham dado autorização para tal”.

Brasil e Austrália têm tratado de extradição desde 1996. O documento foi assinado em 22 de agosto de 1994 e promulgado pelo Decreto nº 2.010, de 25 de setembro de 1996.

Mas, de acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”. 

A SBS em Português telefonou para Mário Marcelo Santoro, via Whatsapp, mas a chamada não foi atendida.




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Published 28 June 2018 9:53am
Updated 12 August 2022 3:43pm
By Beatriz Wagner, André Rosa


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