À espera: venezuleanos aguardam no Acre passagem para os Estados Unidos

Immigration Child Detention

Migrantes são levados sob custódia por autoridades na fronteira entre o Texas e o México, em Eagle Pass, Texas. Source: AP / Eric Gay/AP

Alexander Guedes Martinez, um migrante venezuelano de 27 anos, está disposto a permanecer o tempo que for necessário em um abrigo de madeira, na cidade de Assis Brasil, no Acre, para juntar dinheiro e realizar seu sonho.


Ainda no Brasil, Alexander Guedes Martinez planeja, em um ano, seguir para Houston, nos Estados Unidos, onde vai encontrar com parentes e familiares.

No abrigo de Assis Brasil, ele diz que está cauteloso mas tem esperança de obter os documentos essenciais para uma travessia mais segura em direção a América do Norte.

Martinez está acompanhando de sua parceira de 17 anos e o bebê do casal, de apenas 5 meses.

No abrigo Assis Brasil, onde estão hospedados desde junho, ele disse que espera “voltar para a Venezuela e conseguir documentos importantes para tentar fazer a travessia melhor”.

“Quero ser cauteloso por causa da minha filha”, disse ele. “Estar aqui ajuda.”

Martinez não está sozinho, junto com ele, no mesmo abrigo, estão dezenas de migrantes no mesmo abrigo, uma estrutura simples de apenas seis quartos, infestada de mosquitos, em uma cidadezinha que fica na ponta do Acre.

O sonho de uma vida melhor nos Estados Unidos foi temporariamente suspenso devido à suspensão das políticas de asilo pelo presidente Joe Biden.

Autoridades, analistas e migrantes concordam que as ações de Biden geraram uma atitude de “esperar para ver” entre aqueles que permanecem na maior economia da América Latina.

Assim como em outras rotas migratórias, as comunidades locais enfrentam dificuldades para atender às necessidades dessas novas populações.

O Brasil testemunhou ondas de migrantes em direção à América do Norte no início deste ano, incluindo indianos, bengalis, senegaleses e nigerianos. No entanto, quando o presidente Biden anunciou medidas mais rigorosas, muitos migrantes optaram por permanecer em seus países de origem em vez de seguir para a América Latina.

Para cidadãos de países sul-americanos, o Brasil oferece uma vantagem: moradores dos 10 países vizinhos podem ficar isentos de visto por até dois anos. No entanto, o estado do Acre, localizado no extremo oeste do Brasil, enfrenta desafios significativos.

A cidade de Assis Brasil, por exemplo, oferece pouco, além do abrigo de madeira e um ginásio escolar onde cerca de 15 homens podem dormir. Dois pequenos hotéis e um ponto de ônibus que conecta ao Peru também estão disponíveis.

A professora Letícia Mamed, da Universidade Federal do Acre, observa que o fechamento das fronteiras americanas resultou no 'represamento' de migrantes na América Central.

O estado do Acre, com cerca de 40 agentes patrulhando 2.600 quilômetros de fronteira com o Peru e a Bolívia, enfrenta o desafio de se tornar um possível ponto de parada de longo prazo para esses migrantes. Enquanto uma estrada principal liga os três países, muitos deles também se aventuram pela floresta, alguns transportando drogas.

O prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia, está se preparando para lidar com a crescente demanda. A prefeitura fornece alimentação diária para cerca de 60 migrantes, enquanto os eleitores expressam preocupações em um ano de eleições municipais.

às quartas-feiras e domingos.

Pode também fazer o download gratuito do aplicativo SBS Audio e siga SBS Portuguese. Usuários de iPhone – baixe o aplicativo aqui na 

Share