‘Samba queen’ da Austrália, Talita Fontainha, estreia na Sapucaí

Talita Fontainha

Talita at the Australasian Samba Queen competition in Brisbane Source: Supplied

Campeã do Australasian Samba Queen, em Brisbane, e vice-campeã do Australian Samba Congress, em Sydney, a brasileira Talita, que aprendeu samba na Austrália, retorna ao Brasil para sua estreia na Sapucaí.


A dançarina profissional Talita Fontainha, de Adelaide, diz que se ‘reinventou’ na Austrália. Depois de um ano trabalhando em um restaurante e ‘aposentada’ da dança contemporânea e clássica, ela resolveu lançar um desafio pessoal e aprender o samba. Daí para se tornar rainha na Austrália e voltar vitoriosa para o Brasil  – a convite da Portela e Renascer de Jacarepaguá – foi um passo.

“Foi uma emoção muito forte, a ficha ainda não caiu, não sei se vou chorar ou gargalhar na avenida, minha primeira vez na Sapucaí,” diz a coreógrafa, dançarina contemporânea e professora de dança, Talita, sobre a emoção de retornar ao Brasil pela primeira vez, depois de dois anos.

Talita, chegou ao Brasil no início do mês e falou à SBS em Português do Rio de Janeiro onde ensaia todos os dias para os desfiles da Portela e Renascer de Jacarepaguá. Ela é destaque do carro abre-alas da Portela e musa da Renascer.
Talita Fontainha
Carioca, criada em Realengo, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, Talita conta que descobriu o samba… na Austrália. Source: Supplied

“Pertenço a uma família de pastores evangélicos, o samba sempre foi reprimido em casa, nunca dancei por causa da religião. Eu tive que ir para o outro lado do mundo, a Austrália, para começar uma coisa que faz parte da minha própria cultura.”

Depois de trabalhar em restaurantes de Adelaide e se ‘aposentar’ da dança, dando apenas algumas aulas de ‘zumba’, Talita começou a ouvir pedidos dos amigos australianos para voltar a dançar.
Talita Fontainha
“Vim de uma família bem tradicional, evangélica, gerações de pastores, fui muito reprimida, não tive muito contato com o samba no Brasil, tive que ir para o outro lado do mundo para aprender” Source: Supplied
Um desses pedidos virou convite para dar aula em uma das seis escolas de samba da cidade de Adelaide, capital do estado de South Australia, destino de muitos brasileiros na Austrália.  

“Eu conheci o samba do jeito que ele é mesmo em Adelaide, foi quando eu fui convidada para dar aula”

Com as aulas, veio a necessidade de se aprimorar e aplicar todo seu conhecimento de dança clássica, contemporânea e hip hop, no samba. Aulas por skype, muito treino e imersão na cultura e história do samba foram fundamentais para vencer o novo desafio. 
Talita Fontainha
Talita e alguns de seus alunos: "Tiramos essa foto durante a gravação do flash mob para o Internacional Samba Day em Adelaide." Source: Supplied


Duas competições surgiram no mesmo ano e ela resolveu tentar sua sorte nas ‘capitais do samba’ na Austrália, Brisbane e Sydney. “Quis lançar esse desafio, ver até onde eu poderia ir.”

E ela foi longe, Talita venceu a tradicional competição da Australasian Samba Queen, criada por Mishel Finalyson, em Brisbane, e foi vice-campeã do Australian Samba Congress, em Sydney. Os títulos que ganhei aqui me ajudaram a impulsionar a minha carreira no Brasil.”  

De volta ao Brasil ela conta que está ocupada dando muitas entrevistas para a mídia local, participado de sessões de fotos e ensaios na Sapucaí.  Nessa viagem ela também organizou a vinda de 20 australianos, todos seus alunos para o Rio. “Seis deles vão dançar comigo na Renascer,” conta.

Talita e o marido retornam a Adelaide no final do mês, onde ela retoma as suas aulas. “Através do samba eu consegui abrir espaço para trabalhar na minha área de samba jazz e hip hop, consegui trazer meu dom. Sem o samba na Austrália eu estaria até hoje trabalhando em restaurante.”
Talita Fontainha
Talita participou de várias competições de samba na Austrália em 2019: "Queria ver até onde eu poderia ir." Source: Supplied

Ela vê um futuro próspero na Austrália. “O australiano já caiu no samba. Pelas pessoas que eu conheci no mundo do samba aí eu vejo que ainda tem muito para acontecer.”

Ouça a entrevista completa clicando no botão play da foto que abre essa reportagem.

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