Cinco anos após a derrocada do BES e fica a pergunta: como é que ninguém está na cadeia?

Banco Espirito Santo

Source: Michael Coghlam (Flickr)

Os portugueses viram "voar" mais de 11 mil milhões de euros, e perguntam: como é que nenhum dos gestores do Grupo Espírito Santo está na cadeia?


Passam agora cinco anos sobre a derrocada do BES – o Banco Espirito Santo, líder de um grupo económico conhecido como “dono disto tudo”. A derrocada tem custos que já ultrapassam os 11 mil milhões de euros e que recaem sobre os cidadãos. Cinco anos depois há muitas investigações e acusações em curso mas nenhuma condenação definitiva. Ninguem está preso – o que suscita muitas críticas ao sistema judicial português que prende quem rouba para comer e que mantém à solta quem roubou milhões.

Estávamos no início de agosto de 2014. Ricardo Salgado já tinha sido afastado, as ações já tinham caído em força, sabia-se que viriam mudanças, mas, no segredo dos gabinetes do Banco de Portugal, o governador Carlos Costa preparava o fim do Banco Espírito Santo. O anúncio formal chegaria dia 3, horas depois de ter sido antecipado por Marques Mendes. Cinco anos depois, ainda correm os processos dos supervisores e judiciais resultantes da queda daquele que quis disputar o lugar de maior banco privado. Trocam-se acusações sobre quem são os culpados. Os investidores reclamam o seu ressarcimento. E, pelo meio, a fatura com a solução encontrada continua a subir. E a subir. E a subir.

Cinco anos depois, o balanço da queda do Banco Espírito Santo é ainda difícil de fazer.

 Havia um buraco para tapar que, no imediato, ascendeu a 4,9 mil milhões de euros – foi o custo da capitalização do então criado Novo Banco. Mas o impacto em Portugal foi maior.

O montante de 4,9 mil milhões que, em agosto de 2014, foi desbloqueado pelo Estado português serviu para que o banco se mantivesse em atividade. O BES foi dividido em dois, nascendo o “banco bom” – o Novo Banco – e permanecendo o BES “mau”, onde ficaram, entre outros, os acionistas e os credores subordinados (e para onde passaram, depois, credores seniores).

Há várias formas de olhar para o custo. Uma delas aponta para uma conta que, no total, mostra o Novo Banco a receber 6,8 mil milhões de euros. Os contribuintes, sem poderem dizer que não, emprestaram 5,18 mil milhões (os 3,9 mil milhões iniciais, os 430 milhões colocados em 2018 e os 850 milhões deste ano).

Sabe-se que no final serão os portugueses - os contribuintes - a suportar os encargos.

No processo de liquidação do antigo banco, houve reclamações de créditos de milhares de investidores. Foram reconhecidos créditos de 5 mil milhões de euros pela comissão liquidatária – mas ainda há direito a impugnações. E terá de haver um julgamento. Que demora demasiado tempo a começar.

A queda do Banco Espírito Santo foi considerada uma insolvência culposa. Há 13 antigos gestores do banco e do grupo, com Ricardo Salgado à cabeça, apontados como os responsáveis tanto pela comissão liquidatária como pelo Ministério Público.

Há muita gente a perguntar – desapareceram mais de 11 mil milhões de euros e ninguém está detido, a responder por todas as trapalhadas que determinaram o fim do grupo conhecido, para alem da identidade Espirito Santo, também é conhecido como DDT, isto é: donos disto tudo.

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