Conheça 'Lulu', a brasileira que emocionou o Big Brother Austrália

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"Precisamos colocar mais pessoas de todas as etnias na televisão. A Austrália está começando e é maravilhoso fazer parte disso," diz Lulu Source: Supplied

Ela acabou de sobreviver a uma eliminatória emocionante e conseguiu ficar na casa por mais uma semana. ‘Lulu’ ou Luciana Oliveira McDonaugh, 39 anos, de Brisbane, conta como é viver na casa do Big Brother Austrália e ser filmada por 70 câmeras escondidas, 24 horas por dia e 7 dias por semana. Ela também falou sobre diversidade na tevê australiana. "Sou mulher, negra, latina, e imigrante. Se a gente não vê se na televisão parece que a gente não existe, né?" diz Lulu.


Não tem comparação, o Big Brother Brasil é um fenômeno televisivo, já na Austrália apesar de popular ficou fora do ar por anos, e mudou de canal três vezes. Em 2020 o Canal 7 de televisão reservou os direitos de transmissão e agora exibe BBA 2022.

A receita é a mesma de todos os Big Brothers ao redor do mundo, 21 moradores de personalidade extrovertida e forte, dividem o mesmo teto e são isolados do mundo, obrigados a lidar com suas diferenças dentro de um mesmo espaço físico, “não tem para onde correr,” explica Lulu.
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"Eu sempre quis participar, sempre assisti o Big Brother no Brasil" Source: Supplied
O grupo de 21 pessoas de idade entre 22 e 52 anos, não tem comunicação com o mundo exterior e competem pelo prêmio de AU$250 mil (R$852mil). “Fiz minha inscrição no show claro, pelo prêmio em dinheiro, mas também para saber como eu reagiria nas circunstâncias impostas pelo Big Brother,” diz Lulu, que nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro e viajou pelo mundo até chegar a Austrália.  

O BBA foi filmado de outubro a dezembro de 2021, e está sendo exibido de maio a junho de 2022 pelo canal 7 de televisão.

A seguir os principais trechos da entrevista com Luciana McDougnaugh, mas para ouvir os muitos detalhes de como é vida dentro do reality show clique na imagem que abre essa reportagem.
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“Fiz minha inscrição no show claro, pelo prêmio em dinheiro, mas também para saber como eu reagiria nas circunstâncias impostas pelo Big Brother” Source: Supplied
Porque se inscrever no Big Brother Austrália?

Eu queria participar desse experimento social, testar os meus limites, inclusive minha paciência. Claro, quis concorrer ao prêmio de AU$250 mil.  Eu sempre quis participar eu sempre assisti o Big Brother. Fiz o meu teste de vídeo de maneira totalmente improvisada. Eu tinha acabado de sair do banho e toalha na cabeça e pensei “Meu Deus, eu não vou ter tempo de mandar o vídeo.” Aí fiz um vídeo meio louco, daquele jeito mesmo e eles adoraram.  

O programa foi todo gravado no ano passado. Você passou 62 dias na casa?  

Eu não posso falar quantos dias fiquei lá, pois daí é um spoiler do show. Mas passei bastante tempo na casa sim. Foi maravilhoso. É uma experiência única. Tem momentos de altos e baixo na casa, é uma montanha russa, o Big Brother joga sempre muitas surpresas para a gente.

Qual o segredo para sobreviver na casa?

Às vezes eu acho complicado porque o público não pode votar, nós votamos uns nos outros dentro da casa, então temos que ter muita estratégia porque temos que sobreviver ao máximo ali dentro. Tipo, você tem que pensar, você quer falar alguma coisa sobre alguém da casa? Algo que te irritou, alguma coisa que aconteceu? O público na verdade só vai vir no final. Então você tem que sobreviver. Não tem nenhum momento que passa despercebido pelo Big Brother. 

Como foi ficar isolada por tanto tempo? Sentiu tédio, alegria, tristeza?

Ficamos isolados de tudo, ali não temos ideia do dia da semana. O único contato que a gente tem é o com Big Brother. Sentimos um pouco de tudo. Eu sou muito social, sou muito uma pessoa que gosta de conversar e tal e também tenho meu lado estourado, né? Então no início foi bem complicado. Tipo pensar meu Deus do céu, os meus amigos, minha família. Você está totalmente fora da sua zona de conforto.  Tédio não senti, tem muita coisa para fazer na casa. Nos disseram que você vive uma semana em um dia e é isso mesmo. Às vezes, nas nossas vidas, temos uma discussão, algo nos chateia na rua ou no trabalho e você vai para a casa e recarrega as energias. No Big Brother não tem para onde correr, tem que resolver tudo ali mesmo, com quem você discutiu.  Você tem que se controlar, você tem que ser bem estratégico com as suas amizades.

Como foi ficar famosa da noite para o dia?

Eu vi pelo Twitter, um dia eu não tinha seguidor, no outro, ‘milhões’ de seguidores. É estranho mas ao mesmo tempo maravilhoso. Como pode imaginar é muito legal e foi tudo da galera brasileira da comunidade latina. No Brasil, você passa na rua e as pessoas te reconhecem, aqui é menos. Eu não sei para ser sincera, eu não sei o que vai ser daqui para frente. Eu adoro trabalhar com serviços comunitários. Estou aberta para o que vier, o que será bom para mim futuro.
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"Mas minha cara entrega tudo, que estou irritada, chateada, feliz, achei engraçado. Esse lado que eu não conhecia antes, sabe?" Source: Supplied
Como é se ‘assistir’ no Big Brother, você se reconhece? Passa a ver um lado seu que não sabia que existia?

Ali dentro você não presta atenção no que você faz, eu tenho muitas caras e bocas. Tipo, às vezes na casa eu tentava disfarçar, né? Quando eu tava chateada. Tinha raiva da bagunça, porque eu sou super organizada, e ali tem muita gente bagunceira. Mas minha cara entrega tudo, que estou irritada, chateada, feliz, achei engraçado. Esse lado que eu não conhecia antes, sabe?

Como é que você vê também a questão da diversidade na televisão australiana. Muitos canais são criticados por não mostrarem pessoas de diversas etnias e culturas. Qual a importância disso para você e o que você representa na casa?

Nossa é muito importante para mim. Claro como mulher negra, latina, e imigrante.  Se a gente não vê se na televisão parece que a gente não existe, né?

Tem várias pessoas me mandando mensagens também dizendo ‘eu também sou de outro país’. Ainda há um longo caminho pela frente não é ideal o que tá passando na televisão ainda, a gente precisa colocar mais pessoas de todas as etnias entendeu? E Austrália está começando né? É maravilhoso fazer parte disso, poder aparecer na televisão e as pessoas se sentirem representadas em mim.

Só para gente terminar eu queria te perguntar se o seu ‘DNA’ brasileiro ajudou você a permanecer na casa, a despertar o interesse dos moradores, do Big Brotehr e das câmeras, diretores, equipe técnica.  

Eu acredito que sim.  Nós brasileiros, somos muitos resilientes, né? Essa força de seguir em frente. A gente não desiste nunca. Isso é parte da minha raiz, do meu DNA e acredito que os produtores viram isso já no meu primeiro vídeo. Eu falei para eles; é muito importante para mim mostrar quem eu sou e de onde eu vim, entendeu? Eu acredito que eles captaram isso. Esse é o meu jeito.

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