Covid em Manaus: colapso hospitalar; pacientes morrendo por falta de oxigênio nas UTIs

Homem chora na frente do hospital 28 de agosto, em Manaus: UTIs da cidade com ocupação acima de 94%

Homem chora na frente do hospital 28 de agosto, em Manaus: UTIs da cidade com ocupação acima de 94% Source: AFP

Estado requisitou suprimentos das empresas locais para as unidades de terapia intensiva, que viraram ”uma espécie de câmara de sufocamento", segundo especialista; Venezuela ofereceu ajuda com cilindros de oxigênio e três estados se prontificaram para receber pacientes


O estado do Amazonas, no Brasil, está quase sem oxigênio durante uma nova onda de casos e mortes de COVID-19, segundo o governo estadual. A mídia brasileira reporta que pessoas com respiradores estavam morrendo de asfixia em hospitais por conta do problema.

O governo do Brasil fez um apelo dramático aos Estados Unidos para que enviem um avião militar de transporte para a capital Manaus, com cilindros de oxigênio.

O governo da Venezuela anunciou que disponibilizará suprimentos de oxigênio ao Amazonas, estado com quem mantém fronteira. Nas redes sociais, o governador Wilson Lima agradeceu ao chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, que fez o anúncio.
Workers carry oxygen cylinders at the Getulio Vargas University Hospital, in Manaus, Brazil, 14 January 2021.
Workers carry oxygen cylinders at the Getulio Vargas University Hospital, in Manaus, Brazil, 14 January 2021. Source: EFE
Segundo a BBC Brasil, o governo do Amazonas requisitou o suprimento de oxigênio de 17 empresas do estado, para atender a emergência nos hospitais. A ocupação nas UTIs da cidade ultrapassava os 94% na última quarta, de acordo com o jornal O Globo. 

“Tiraram meu pai do oxigênio”, disse Raissa Floriano, em frente ao hospital 28 de Agosto, em Manaus, onde pessoas disseram que parentes com casos graves de COVID-19 estavam sendo desligados dos ventiladores por falta do gás.

A cidade ficou sem suprimentos de oxigênio e alguns postos de saúde viraram ”uma espécie de câmara de sufocamento", disse Jesem Orellana, do instituto de investigação científica da Fiocruz-Amazônia.
A man carries an oxygen tank at the 28 Agosto Hospital, in Manaus, Brazil, Thursday, Jan 14, 2021.
A man carries an oxygen tank at the 28 Agosto Hospital, in Manaus, Brazil, Thursday, Jan 14, 2021. Source: AP


“Aqui não sobraram leitos vazios, tanques de oxigênio, nada - só nos resta a fé”, disse à AFP Luiza Castro, moradora de Manaus.

O Brasil tem o segundo surto mais letal do mundo de COVID-19, depois dos Estados Unidos, e Manaus foi uma das primeiras cidades brasileiras atingida por uma contagem crescente de mortes e casos da primeira onda da pandemia no ano passado.

Com os serviços de emergência no limite, o governador do Amazonas, Wilson Lima, do PSC, anunciou um toque de recolher de 10 dias em todo o estado na quinta-feira para impedir a propagação do vírus.

“São medidas difíceis, mas necessárias”, disse ele. "Estamos em uma operação de guerra." 

O Amazonas tem 3.8 milhões de habitantes, sendo 2 milhões na capital Manaus.

As autoridades de saúde dizem que algumas unidades de terapia intensiva estão tão lotadas que muitos pacientes serão transportados de avião para outros estados.

Nesta quinta, ao menos três governadores de outros estados se ofereceram para receber pacientes do Amazonas. Foram eles: Helder Barbalho (MDB), do Pará, Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, e Renan Filho (MDB), de Alagoas. 

Segundo dados oficiais, Manaus teve na quarta-feira o quarto dia consecutivo com recorde de sepultamentos - 198, com 87 mortes causadas pelo coronavírus.

Para piorar a situação, uma nova variante do vírus foi detectada no Japão no domingo em quatro pessoas que chegaram do Amazonas.

Os pesquisadores não estabeleceram o quão infecciosa ou letal é a variante, mas o centro biomédico Fiocruz disse ter detectado o vírus em uma mulher de 29 anos que já havia testado positivo nove meses antes.

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