Marcelo, presidente de Portugal, reúne-se com Bolsonaro e Lula: tudo para intensificar a cooperação

Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal Source: AAP Image/EPA/MARIO CRUZ

Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e os ministros dos estrangeiros e da cultura, estarão em São Paulo no final de semana para a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, renovado após incêndio na Estação da Luz. Marcelo vai aproveitar a ida ao Brasil para se reunir com Lula e Bolsonaro.


"Eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim. Vou ser sempre assim: Gabriela, sempre Gabriela". Era desta forma que arrancavam os episódios de “Gabriela, Cravo e Canela”, a primeira telenovela brasileira a ser emitida em Portugal. A estreia da produção baseada no romance de Jorge Amado aconteceu a 16 de maio de 1977, na RTP1 e foi um acontecimento determinante, complementado pela estreia logo a seguir de outras novelas brasileiras, como Malú Mulher e Avenida Paulista.


O sucesso destas novelas refletiu-se em novas formas de comportamento e de relacionamento social por mostrar aquilo que normalmente não era visto em televisão e acabou por ditar modas, desde os penteados à escolha dos nomes e da linguagem usada.


Muitos homens portugueses imitavam a figura de José Wilker como Dr. Mundinho, mulheres tomavam os gestos de Sónia Braga como Gabriela.


Naquele tempo, final da década de 1970, o interior de Portugal continuava uma sociedade fechada, marcada pela austeridade do regime d ditadura e pelo extremo conservadorismo da influência da igreja católica de então. As telenovelas brasileiras contribuíram muito para a libertação social sobretudo da mulher portuguesa em zonas remotas do interior. Ficou relançada uma relação especial de afeto entre Portugal e o Brasil.


Já agora, diga-se: a influência da telenovela Gabriela foi tal que um dia, estava o parlamento português em debate inflamado, com a discussão fogosa a entrar noite dentro quando um deputado avisou: está a começar o episódio de hoje da Gabriela. E os trabalhos foram interrompidos para que os deputados seguissem a novela.


Tudo isto para enquadrar a relação luso-brasileira. É muito antiga, tem glórias e mágoas, bons e maus momentos.


As telenovelas brasileiras nos anos 70, assim como a música que se espalhou pelas ondas da rádio, de Elis a Chico Buarque, de Vinicius a Zeca Baleiro, de Caetano aos Mutantes, tantos mais contribuíram para o fortalecimento da relação de afeto entre Portugal e o Brasil.


O Brasil tornou-se o país querido, aliás o mais desejado destino dos portugueses para férias. E, no plano político, a continuada vontade dos dirigentes portugueses é a de cultivar uma relação comum sempre mais intensa, no plano político e diplomático, mas também no cultural, económico, social – em todos os domínios.


Entende-se assim o empenho português em estar ao mais alto nível no próximo fim de semana, em São Paulo, para a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, renovado após o terrível incêndio na paulista Estação da Luz.


Vão estar, por Portugal, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e os ministros dos estrangeiros e da cultura. O Presidente Marcelo quer conversar com os dirigentes brasileiros. Tem encontros marcados com os ex-presidentes FHC, Sarney e Temer, que vão estar na reinauguração.


Também vai haver um encontro, pedido pelo presidente português com Luis Inácio Lula da Silva e também com o Presidente Bolsonaro.


Não há notícia de que o presidente brasileiro esteja presente na reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, assim o presidente de Portugal vai a Brasília onde tem reunião marcada no Palácio do Planalto.


Como me dizia há pouco um diplomata português: entre Portugal e o Brasil o relacionamento está sempre acima das pessoas e dos momentos.



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