Portugal acumula trágicos recordes na pandemia

A Europa representou quase metade dos 4 milhões de novos casos de coronavírus no mundo na semana passada.

A Europa representou quase metade dos 4 milhões de novos casos de coronavírus no mundo na semana passada. Source: AAP

Os números de agora de doentes em estado crítico e de mortes são uma onda gigante que reduz os números de março e abril a uma leve ondinha


O avanço da pandemia em Portugal tornou-se crítico, após o Natal.

Os dados de agora de contágios, de doentes em estado crítico, de mortes, são uma onda gigante que reduz os números de março e abril a uma leve ondinha.

Em cada dia desta última semana, só na quarta-feira não foi fixado um novo trágico máximo de mortes de todo o tempo da pandemia.
Foram 152 na segunda-feira, 155 na terça, 148 na quarta, 156 na quinta, 159 na sexta, 166 no sábado.

Ou seja, a média diária de mortes nesta semana está acima dos 150. É como se todos os dias caísse um avião de passageiros.

O número de contágios também continua a crescer todos estes dias. Só neste sábado, mais 10.947.

Implica que nos próximos dias ainda haja mais gente nos hospitais, quase todos saturados.

Estão hospitalizadas em Portugal 4653 pessoas com COVID-19 (são mais 93 entre sexta e sábado), das quais 638 em unidades de cuidados intensivos (mais 16 nestas últimas 24 horas). Nunca houve tantos pacientes internados com covid-19 nos hospitais em Portugal nem em unidades de cuidados intensivos desde que em 2 de março foi identificado o primeiro caso da doença no país.

A evolução mostra crescendo de pessoas mais jovens entre as que estão a sofrer muito, já não são apenas os idosos. Sete dos mortos das últimas 24 horas tinham idade entre os 30 e os 50 anos.

O governo português declarou a toda a população o dever cívico de ficar em casa.

O teletrabalho foi declarado obrigatório.

Há, porém, atividades essenciais que não podem ser praticadas à distância, caso de farmácias, supermercados ou mercearias. É assim que continua a haver muita gente a circular.

Pode-se ir ao supermercado e há restaurantes habilitados para servir refeições embora unicamente em take-away.

Os ministros também não escapam ao vÍrus.

O das Finanças e a do Trabalho testaram positivo, embora estejam sem sintomas.

Estão em isolamento profilático, tal como os ministros do Ambiente e o do Mar.

Antes, tanto o Presidente da República, como o Primeiro-ministro como o líder da oposição já estiveram sujeitos a essa medida de isolamento.

Portugal tem cerca de 10 milhões de residentes. Nestes 10 meses já foram declarados 540 mil casos positivos.

O panorama europeu é igualmente crítico.

A Alemanha acaba de declarar 980 falecidos por COVID-19 nas últimas 24 horas.

Ainda pior, o Reino Unido, 1295 falecidos num só dia.

Itália anuncia 475 óbitos também nas últimas 24 horas.

Apesar do estado oficial de emergência, Portugal está a uma semana de eleições presidenciais. Ao contrário do que é grande tradição não há campanha na rua, não há passeatas, nada. Tudo resumido aos meios de comunicação.

É facto que não há especial expectativa em volta desta eleição. Mesmo os adversários nos debates dão como certa a reeleição do atual presidente, Marcelo Rebelo de Sousa. Um centro de atenção é a medição do peso eleitoral do candidato de extrema-direita e a comparação do resultado dele com o das três candidaturas de esquerda.

Esta eleição introduz uma novidade: ao longo desta semana, as urnas de voto vão ser levadas aos lares para idosos para que estes possam votar sem terem de se deslocar.

O dever de ficar em casa é, para já por um mês, a palavra de ordem em Portugal.

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