Uma leitura na missa abre a discussão sobre serviços religiosos na TV pública portuguesa

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Em Portugal existe a tradição da transmissão ao vivo de missas aos domingos. Source: Miroslav Lelas/PIXSELL

Um texto da missa transmitido na TV pública em que é dito que "as mulheres devem ser submissas" gerou polêmica entre a população portuguesa e virou até manchete de jornal


O Estado português é laico, mas com o país maioritariamente católico, a televisão pública conserva a tradição (com 60 anos) de transmitir a missa dos domingos. 
 
Aliás, 2 dos 4 principais canais de televisão transmitem cada um a sua missa nas manhãs de domingo. Houve um domingo em que a televisão pública, por ter dado prioridade a uma competição desportiva, falhou a hora da missa, e choveram protestos.
A missa dos domingos tem estatuto de intocável e a pluralidade religiosa leva a que cada confissão tenha o seu espaço na televisão pública. Mas, às vezes, com polémicas.

É o que aconteceu com a missa do último domingo, 22 de agosto, que teve como leitura tradicional a Epístola de São Paulo aos Efésios em que é dito: “As mulheres devem ser submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja”; logo a seguir, na leitura transmitida em direto, ´foi dito “assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos”.

Imediatamente disparou a polémica.

É reconhecido que os textos religiosos refletem um outro tempo, mas as redes sociais entraram em efervescência   com perguntas como: “Faz sentido, em 2021, o Estado patrocinar uma plataforma que transmita conteúdos como este? E o que quer isto dizer? Deverá ser lido como uma metáfora, ou deverá ser lido à letra?”.

O povo católico, maioritário em Portugal e sempre muito interveniente, está a defender com veemência que o serviço público deve transmitir o serviço religioso, sem questionar o seu conteúdo.

Mas levantam-se cada vez mais vozes a questionar o facto de um Estado laico dar uma hora de tempo de antena, todos os domingos, para a transmissão da missa.

Seja como for, a experiência mostra que se a transmissão da missa na rádio e na televisão do Estado fosse suprimida, estaria anunciado protesto maciço.


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