O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou a atenção dada pela comunidade global à guerra na Ucrânia, argumentando que as crises em outros lugares, inclusive em seu país natal, a Etiópia, não estão recebendo igual consideração, possivelmente porque as pessoas afetadas não são brancas.
Tedros Adhanom Ghebreyesus questionou se “o mundo realmente dá igual atenção às vidas de negros e brancos”, uma vez que as emergências em curso na Etiópia, Iêmen, Afeganistão e Síria geraram apenas uma “fração” da preocupação e interesse gerado pela crise na Ucrânia.
Tedros disse que não havia “nenhum lugar na Terra onde a saúde de milhões de pessoas esteja mais ameaçada” do que na região de Tigray, na Etiópia.
Desde que uma trégua foi declarada em Tigray há três semanas, cerca de 2.000 caminhões deveriam ter levado comida, remédios e outros itens essenciais para a área dominada pelo conflito, disse ele durante uma coletiva de imprensa virtual em Genebra. Em vez disso, apenas cerca de 20 caminhões chegaram, disse ele.
“Enquanto estamos aqui falando, as pessoas estão morrendo de fome”, disse Tedros, ex-ministro da Saúde na Etiópia e de etnia tigré. “Este é um dos mais longos e piores cercos das forças eritreias e etíopes na história moderna.”
Ele reconheceu que a guerra na Ucrânia tem um significado global, mas perguntou se outras crises estavam recebendo a mesma atenção.
“Preciso ser franco e honesto; o mundo não está tratando a raça humana da mesma maneira”, disse ele. “Alguns são mais iguais que outros.”
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