Estados Unidos mandam de volta para o México brasileiros que tentam cruzar a fronteira

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Brasileiros atravessam o Rio Grande em Ciudad Juárez, México, pouco antes de se entregarem à Patrulha de Fronteira dos EUA e pedir asilo Source: Herika Martinez/AFP via Getty Images

O número de brasileiros presos pela Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos subiu para 17.900 em 2018-19, um aumento de mais de dez vezes em relação ao ano anterior, segundo o governo americano. Os brasileiros foram colocados no programa "Remain in Mexico" enquanto esperam por audiência em corte americana.


Os Estados Unidos começaram a enviar de volta para o México migrantes brasileiros que tentam cruzar a fronteira. Os brasileiros agora fazem parte do programa 'Remain in Mexico' e são obrigados a aguardarem suas audiências nos tribunais americanos, no México.

De acordo com o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS), pelo programa, todos os migrantes que procuram asilo terão que esperar no México enquanto suas reivindicações são ouvidas.

Desde que o programa começou, há um ano, mais de 57.000 migrantes não mexicanos foram enviados de volta para o México.
Ramiro Cordeiro, oficial de Patrulha de Fronteira, disse à Reuters que o número de pessoas da América Central diminuiu, mas que houve um aumento no número de brasileiros.

"A situação [dos migrantes] mudou em relação ao ano anterior, quando a maioria vinha da América Central. Mas estamos vendo um aumento no número de brasileiros. Então, estamos tentando lidar com isso, estamos trabalhando com autoridades no Brasil, com embaixadas para ver o que está acontecendo no Brasil que está causando esse fluxo para El Paso".

Os brasileiros são enviados para esperar suas audiências no México sob um programa conhecido como Remain in Mexico/Protocolo de Proteção aos Migrantes (MPP) criado pelo governo de Donald Trump para acabar com a concessão de asilo a migrantes que cruzam ilegalmente a fronteira Estados Unidos-México.
Muitos dos brasileiros enviados ao México não falam espanhol e estão hospedados em abrigos de imigrantes que estão lotados e tentando lidar com o número de pessoas ‘no limbo’ que se encontram na cidade fronteiriça.

A brasileira Tania Costa, 36, estava nos Estados Unidos com o marido e a filha de seis anos antes de ser enviada para o lado mexicano da fronteira.

Ela tem uma data para uma audiência no tribunal nos Estados Unidos que vai rever  seu pedido de imigração em abril, mas agora deve esperar os três meses até abril em Ciudad Juarez.

Com pouco dinheiro, nenhuma permissão para trabalhar e nenhuma base de apoio em Ciudad Juarez, ela disse à Reuters que está avaliando suas opções.

“Não sei porque me mandaram para cá, se eu estava nos Estados Unidos, porque me mandaram para o México e não Brasil? Marcaram corte, marcaram tudo, mas não deixaram eu ficar. Me voltaram para o México e não para o Brasil. Não sou mexicana. Tenho data certa para minha audiência na corte americana, mas para abril, não temos condições de voltar para o Brasil e não sabemos o que vamos fazer agora”

O Brasil havia se recusado a receber deportações em massa dos Estados Unidos mas agora está permitindo essas transferências que têm como objetivo acelerar as deportações de imigrantes ilegais na fronteira mexicana.
Embora o número de novas caravanas da América Central para a fronteira entre o México e os Estados Unidos tenha caído, houve um aumento no número de brasileiros.

Segundo a Reuters, o governo Trump também estuda a possibilidade de enviar requerentes de asilo brasileiros para outros países, de acordo com autoridades dos Estados Unidos.

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