Primeira condenação em Timor de um homem da igreja católica por abuso sexual de menores

Richard Daschbach

Ex-padre, Richard Daschbach, foi condenado a 12 anos de prisão por abuso de menores em Timor-Leste. Source: AP

Confira na crônica desta semana do correspondente do Programa Português da Rádio SBS em Lisboa, Francisco Sena Santos.


O Tribunal Distrital de Oecusse condenou esta terça-feira o ex-padre Richard Daschbach a 12 anos de prisão por vários crimes de abuso sexual de menores, cometidos num orfanato em Timor-Leste.


A pena foi determinada tendo em conta cinco crimes de abusos de menores de 12 anos e a idade do arguido, 84 anos. O coletivo de juízes aplicou ao ex-padre penas parcelares que totalizam mais de 37 anos de prisão, com o cúmulo jurídico a resultar na pena única de 12 anos de prisão – da qual a defesa anuncia querer recorrer.

A sentença foi lida pelo juiz presidente do colectivo, Yudi Pamukas, que enfatizou: “Este tipo de comportamento de cariz sexual é absolutamente intolerável por parte da nossa sociedade e deve ser severamente punido”, é o que disse o juiz na leitura da sentença, em português, na sala principal do Tribunal Distrital.

O tribunal também ordenou ao réu o pagamento de uma compensação financeira de quatro mil dólares a cada uma das cinco vítimas contra quem os crimes ficaram demonstrados.


Este processo desenvolveu-se nos últimos quatro anos.


Em Fevereiro de 2018, a congregação Societas Verbi Divini (Sociedade Palavra Divina) recebeu informações que acusavam Richard Daschbach, um padre norte-americano a trabalhar no Orfanato Topu Honis, no enclave do Oecusse desde 1992, de abuso sexual de crianças.

A congregação levou de imediato o padre para Díli, ao mesmo tempo que informou a polícia e o Vaticano das acusações e abriu uma investigação própria. Mas, em Agosto de 2018, o padre demitiu-se da Sociedade Palavra Divina e voltou para Kutet, a pequena aldeia do Oecusse onde está o orfanato, vivendo entre a comunidade onde terá cometido os abusos sexuais de crianças.


Afastado depois pela Congregação da Doutrina da Fé no Vaticano, segundo o jornal Tempo Timor Daschbach assumiu em 2019 a autoria dos crimes.



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